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8 Rev. Bras. Arb. 231 (2010-2011)
Alabama Claims: Decision of the Arbitrators respecting National Losses

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NOTA INTRODUTÓRIA
       No caso Nottebohm, a Corte Internacional de Justiça afirmou que, desde
o caso Alabama, tem sido amplamente reconhecido, seguindo precedentes an-
teriores, que, na ausência de um acordo em contrário, um tribunal internacional
tem o direito de decidir sobre a sua própria jurisdição e, para esta finalidade, a
competência para interpretar os instrumentos que governam a sua jurisdição1.
Inegavelmente, a decisão proferida pelo tribunal arbitral constituído para solu-
cionar as chamadas Alabama Claims, apesar de não ter sido a primeira decisão
nesse sentido2, representa, talvez, o mais relevante precedente para formação
do que hoje chamamos de princípio da Kompetenz-Kompetenz, atualmente
incorporado, quase que universalmente, nas leis que regulam a arbitragem'.
Até então, era prática comum de tribunais arbitrais reservarem a uma decisão
das próprias partes da arbitragem qualquer questão relacionada ao escopo da
jurisdição arbitral, o que, em muitos casos, poderia significar a paralisação da
arbitragem4.
       As Alabama Claims foram submetidas à arbitragem por força do Tratado
de Washington celebrado entre Estados Unidos e Grã-Bretanha em 8 de maio
de 1871. À época, os Estados Unidos acusavam a Grã-Bretanha de violar as
regras de neutralidade durante a Guerra Civil norte-americana, entre 13 de abril
de 1861 e 9 de abril de 1865, permitindo ou negligenciando a repressão à cons-
trução de navios de guerra confederados em território britânico. As demandas
por reparação dos danos foram denominadas de Alabama Claims devido ao
nome de um dos navios construídos em território britânico, o CSS Alabama. O
Tratado de Washington, no entanto, não definia, precisamente, o escopo da ju-
risdição do tribunal arbitral. Por essa razão, a Grã-Bretanha alegou que diversas
demandas submetidas pelos Estados Unidos ao tribunal arbitral não estariam
contempladas pelo Tratado de Washington, reputadas pela Grã-Bretanha como
demandas indiretas. Nas demandas indiretas, o Governo norte-americano


1   Traduçao livre do original em inglês: Since the Alabama case, it has been generally recognized, following
    the earlier precedents, that, in the absence of any agreement to the contrary, an international tribunal has
    the right to decide as to its own jurisdiction and has the power to interpret for this purpose the instruments
    which govern thatjurisdiction (Nottebohm, Preliminary Objection, Judgment, ICJ Reports, 1953, p. 119).
2   No caso Betsey, a comissao mista constituída sob o art. VIl do Tratado de Amizade, Comércio e Navegaçao,
    mais conhecido como Jay Treaty, celebrado em 19 de novembro 1794 entre os Estados Unidos e a Gra-
    -Bretanha, já havia decidido, em 1797, que os comissários teriam poderes para decidir sobre a sua própria
    competência (cf. MOORE, John Bassett. International adjudications. New York: Oxford University Press, v.
    IV, 1931. p. 182-206).
3   Cf. LEW, Julian D. M.; MISTELIS, Loukas A.; KROLL, Stefan M. Comparative international commercial
    arbitration, The Hague/London/New York: Kluwer Law International, 2003. p. 333.
4   Cf. MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 11. ed. Rio de Janeiro: Renovar,
    v. 2, nota 14A, 1997. p. 1281.

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